O que diabos é Pasárgada? O que Manoel Bandeira quer dizer com esse termo?
Pasárgada num tem nada haver com Recife, nem rima...
Certo que na época em que ele escreveu ainda existia uma anarquia, opa Monarquia, todo aquele glamuor de reis, princesas, sapos e bruxas.
E Recife nessa história? E a danada de Pasárgada?
Mas na licença poética do Poeta Pasárgada é Recife, então falaremos desta cidade, pois é nela onde toda a minha história começou....
Nasci, to me desenvolvendo(I am an AIESECer) e por fim morrerei.
Me chamo Polyanna de Cássia(¬¬) Cintra Monteiro, Nascida dia 25 de março de 1987, na maternidade São Marcos às 23h50, Recife, Pernambuco, Nordeste, Brasil, signo de áries, ascendência em capricórnio, horóspoco chinês o coelho, horóscopo egípcio Sekhmet. Meu Dosha é Pitta-Vata, isso explica o modo em que eu me alimento.
Nasci em Recife e passei dos 2 aos 5 anos de idade morando em Olinda no bairro de Jardim Brasil, foi massa essa época eu tinha 3 cães enormes, sempre era a mais nova da "gang", lá foi onde criamos laços com uma outra família (eram nossos vizinhos) que até hj somos amigos, já nos consideramos parentes.
Fui aos 6 fui morar em Natal RN, cidade pacata levei meus cachorros, Bela (Fila Brasileira) e Sentopéia(Doberman), compramos Alfa(pastora alemã) e ganhamos o Lôro (papagaio). A casa era enorme, tinha piscina com sauna, bar e tudo mais, pena que eu era pequena demais para chamar os amigos e fazer um "Culto a Baco", passei a praticar o surf (bodyboard).Foi nesse tempo que sofri um acidente de carro, indo visitar minha avó no Recife, passei 1 mês internada no extindo João XXIII, depois voltei para Natal. Depois do acidente meu joelho nunca mais foi o mesmo, até então eu era uma criança chorona, mimada e manhosa. Depois, passei a ser uma criança, medrosa, mais calma e brincalhona.
Com meus 9 anos de idade tive que me mudar para Fortaleza, e ir morar num "apertamento", meu último dia em Natal foi um trauma, tive que dar minhas cadelas para um canil tomar conta. Chorei ao vê-las indo embora, chorei qnd cheguei na merda do "apertamento" em Fortaleza, chorei ao receber a notícia que Bela a fila brasileira tinha morrido, chorei mais uma vez em perceber que só restara a porra do papagaio chato que só fazia me bicar...
Sinceramente não gostei de Fortaleza, num trago nada de especial daquele lugar, então vou pular essa parte....
“Vou-me embora pra Pasárgada...”
Pois é, me vejo novamente morando no Recife, e com a merda do papagaio junto, minha relação com a cidade é muito espiritual, me sinto mais confortável aqui.
"Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar..."Opa, isso não me interessa...mas é verdade tem de TUDO em Pasárgada.
Então numa aula de literatura, chegou o modernismo, massa cara Semana da Arte Moderna de 1922 , e me aparece um monte de "POETEIROS" recitando uma bela poesia de Manoel Bandeira
Os Sapos Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquüenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."
Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo".
Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".
Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;
Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é
Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...
MERMÃO, era a musiquinha que eu cantava quando era pequena...Mas enfim e Pasárgada?
Tive que aprender a arte Dadá, mais o que é arte Dadá? Arte Dadá não é nada...é apenas Dadá, então Pasárgada faz parte do Dadaísmo? Não Polyanna...Pasárgada é uma poesia de Manoel Bandeira, isso não é suficiente? NÃO professora, ele não deve ter tirado do nada...Mas Polyanna um artista inventa as coisas, trás novas perspectivas, seu olhar do mundo....Certo, entendi, me vem um drogado me falar que Recife é Pasárgada e eu tenho que acreditar?
Mas é cultura...o que é Pasárgada? Polyanna, isso não vai cair no vestibular, então não se preocupe.
"Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca da Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d`água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada...."
Pasárgada é Recife, o rio é o capibaribe às margens da rua da Aurora, ele menciona essas coisas em Evocação do Recife...se Recife é Pasárgada, pq não ficou Evocação da Pasárgada?
Então, vou no Mafuá do Malungo (vai te fuder é cada nome que a galera inventa), restaurante no sobrado onde Manoel Bandeira nascera, e lá obtenho uma resposta:
“Vou-me embora pra Pasárgada” foi o poema de mais longa gestação em toda minha obra. Vi pela primeira vez esse nome de Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego. [...] Esse nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas”, suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias [...]. Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda doença, saltou-me de súbito do subconsciente esse grito estapafúrdio: “Vou-me embora pra Pasárgada!”. Senti na redondilha a primeira célula de um poema [...].
Minha busca por resposta acabara...O que farei?